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Mesmo com todo avanço da eletrônica, a velha bússola ainda é o equipamento de
orientação mais importante no barco
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O termo bússola certamente não lhe é estranho. Mesmo que você
nunca tenha usado uma, ao menos já ouviu dizer para o que serve. A Bússola
também é conhecida como agulha, ou mais propriamente agulha magnética. Inventada
(segundo consta) pelos chineses, também era conhecida por persas e árabes. A
bússola orienta-se em relação ao campo magnético da Terra. Sua descoberta serviu
como melhor instrumento que os navegantes já conheceram. Mesmo com os avanços
da eletrônica, a velha bússola ainda é o equipamento de orientação mais
importante e confiável no barco. Seu milenar princípio de funcionamento é muito
simples: imãs fixados num círculo graduado orientam-se segundo o campo magnético
da Terra. Consequentemente, a bússola indica o rumo, seja ele magnético ou da
agulha como veremos adiante. Campo magnético é uma região onde um material
ferromagnético (ferro, níquel e cobalto) experimenta uma força.
Nosso planeta
pode ser comparado a um grande imã, porém com os pólos norte e sul magnéticos
não coincidentes com os pólos norte e sul geográficos. Na verdade, desde o
século XVI, sabia-se que a bússola quase sempre não aponta para o norte
geográfico. Esta diferença (entre o norte verdadeiro e o norte magnético) tem o
nome de declinação magnética. Ela varia de local para local e de ano para ano. Na
região de Santos (SP), por exemplo, a declinação magnética de 1996 foi de 20
graus oeste (W). Isto significa, na prática, que se você não fizer esta correção
( da direção obtida na carta náutica para o rumo da bússola), não chegará o
lugar planejado. Eis um exemplo: suponha que um barco saiu do canal de
Bertioga para pescar num ponto localizado a uma milha ao sul da ilhota Monte
Pascoal (em frente à praia de São Lourenço). Como a distência entre a saída do
canal (junto ao farolete da Pedra do Corvo) e a ilhota é de aproximadamente 5,5
milhas náuticas (10,2 Km), a tripulação precavida resolveu calcular o rumo
magnético. Assim, caso o tempo fechasse na volta da pescaria, poderiam regressar
guiando-se pela bússola. Consultando a carta náutica, o piloto verificou que
o rumo verdadeiro é de 0,78 graus. Porém, computando a declinação magnética ( 20
graus oeste), o rumo a seguir é de 098 graus (078graus + 020graus), isto sem
contar alguma influência magnética proveniente de alto-falantes, instrumentos
eletrônicos ou mesmo de algum material magnético do próprio barco. Como os
nossos barcos são em sua maioria construidos com alumínio, ou plástico reforçado
com vibra de vidro, a influência magnética raramente chega a 2 graus. Mesmo asssim,
para embarcações utlizadas em pescarias fora da costa, é aconselhável contratar
um especialista na aferição de bússolas (as Capitanias dos Portos fornecem a
relação dos especialistas de cada região). Esta pessoa se encarrega de levantar
desvios existentes, minorando-os ao máximo e entregando ao proprietário da
embarcação um documento chamado curva de compensação da bússola.
DECLINACÃO MAGNÉTICA(1996)

De Acordo
com a rosa dos ventos (da esquerda da carta 1600) a declinação magnética (dmg) é
19 graus 30'W em 1990. Como o aumento anual é de 6'W por ano, temos que a dmg é:
1990 - 19graus30'W Aumento de 1900 a 1996=damos portanto
6x6'=36 dmg 1996=19graus30'
36'
19graus66' 20graus06'
Finalmente, a declinação magnética é : 20graus W
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A BÚSSOLA ELETRÔNICAOs passos largos da eletrônica também
enlaçaram a bússola convencional. Com o surgimento do Fluxgate ( sensor
magnético eletrônico), apareceram no mercado vários modelos de bússolas ou
agulhas eletronicas. Elas são mais rápidas e precisas que uma bússola. Podem
também interligar-se com outros instrumentos, fornecendo informações de rumo
magnético e até mesmo o rumo verdadeiro. No entanto, dada, a sua
sofisticação, estão mais sujeitas a danos que uma bússola convencional.
Portanto, mesmo que você tenha a melhor agulha eletrônica do mercado a bordo não
deixe de lado a sua velha bússola. Outra característica positiva da
agulha eletrônica é o fato de que ela se autocompensa. Neste caso, não é
necessário contratar os serviços de um aferidor. Alguns modelos (através da
inserção da declinação magnética podem fornecer rumos verdadeiros, o que é
ótimo para comparar seu rumo diretamente com a carta náutica. A ativação dos
recursos é bem simples, conforme se pode ver:
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1-modo de compensação: O avançado circuito do sensor Mag/One compensará qualquer
desvio magnético que aconteça na placa. Aperte o botão "Comp" e vire o barco
duas vezes num círculo de 360 graus. Enquanto compensando, o indicador "Comp"
ficará aceso no display. Uma vez compensado, o display mostrará "don".
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2- Marcação do Curso: Para especificar um curso, simplesmente vire o barco até que a rota
desejada seja mostrada, e aperte o botão "Set:. O curso ficará guardado na
memória, e o indicador de fora do curso ficará ativado. Como ilustração,
colocamos nosso curso, como sendo 270 graus.
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3- Indicador de Fora de Curso: Uma vez que uma rota tenha sido marcada, o indicador
de fora de curso de 26 segmentos mostrará graficamente se você está à
esquerda ou à direita da rota desejada. Para retornar para o curso desejado,
maneje para a direita até que a barra indicadora desapareça, e o indicador
ficará á direita da marca de zero graus.
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4- Para Setar um Novo Curso: Se quiser mudar o curso, vire o barco até que o
novo curso seja mostrado, e aperte o botão "Set". O novo curso
será armazenado na memória, e o indicador de fora de curso será ativado.
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DESVIO DA AGULHA
Para compreender melhor o que ocasiona o DAG ( linha azul),
vamos considerar um barco carregando uma âncora na sua proa (quadrado preto na
proa do barco da figura), dando uma volta completa pela direita ( leste) até
apontar a sua proa de novo para o norte.
Na situação (1) o barco está com sua proa apontada para o norte magnético e a
âncora não interfere na bússola (círculo e linha vermelha) pois o campo
magnético fica com sua ação sobre a agulha igualmente distribuída, conforme a
proa é dirigida para o lado leste, situação (2), a âncora estará a leste do
meridiano do norte magnético, atraindo a agulha da bússola, e portanto,
introduzindo em desvio que a faz apontar a leste do norte magnético.
Na situação (3) o desvio chega ao seu valor máximo para leste.
Na situação (4), já que a âncora se aproxima do meridiano do norte magnético o
desvio tende a ser menor do que o da situação (3).
Na situação (5), encontramos uma posição semelhante à da situação (1)
apenas o
sentido do barco se altera indo do norte para o sul.
Já nas situações (6), (7) e (8) a proa do barco está apontada para o oeste,
portanto o desvio é a oeste do meridiano do norte magnéico. A figura da
direita é a curva de compensação do exemplo dado. Exemplo: na situação (3),
onde o barco está a 90" leste, o desvio é de +5 leste. |
CUIDADOS COM A BÚSSOLA
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Ao comprar uma agulha, certifique-se de que a mesma foi
construida para ser utilizada no hemisfério sul. Caso contrário, ela não
permanecerá na horizontal e terá problemas de funcionamento. Isto ocorre porque
alguns fabricantes deixam a bússola (propositalmente) com um certa inclinação
para compensar a atração dos pólos magnéticos de cada hemisfério - como se sabe,
os pólos magnéticos não se encontram na superfície e sim no interior do
planeta.
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Que a linha de fé indique a proa.
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Que esteja o mais distante possível de qualquer material
ferro-magnético, ou aparelho eletrônico.
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Depois que a agulha for compensada, não instale nenhum
equipamento nas proximidades.
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Evite deixar ferramentas, facas, lapiseiras metálicas e latas
de biscoitos perto da bússola.
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Grandes tempestades magnéticas e relâmpagos podem afetar a
bússola.
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Lembre-se que ao se aproximar de um casco metálico (ou local
com presença de ferro), a bússola poderá apresentar desvios.
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Todo alto-falante tem um grande imã acoplado, instale-o o mais
distante possível da bússola.
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Quanto maior a rosa dos ventos, normalmente mais estável é a
bússola e, portanto, melhor a leitura.
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Antes de comprar, verifique se a bússola é rápida (se a mesma
acompanha rapidamente as variações de rumo - faça isto manualmente) e se ela é
estável. A estabilidade poder ser verificada quando, ao girar a bússola (na
velocidade de giro do barco), a rosa dos ventos permanece estável, depois do
giro.
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Outra informação importante, em se tratando de bússolas,
diz respeito ao ângulo que uma agulha faz com o horizonte. A este ângulo dá-se
o nome de inclinação.Tal como a declinação, este ângulo varia de local para
local. Se uma bússola estiver sobre o pólo norte magnético (localizado na
latitude 78o N e 103o W), os seus imãs tenderão a apontar para baixo, pois os
pólos magnéticos não se encontram na superfície, e sim no interior da
Terra.<BR>Conhecer o valor da inclinação não tem finalidade prática, exceto
pelo fato de que uma bússolaconstruída (ou compensada) para operar no
hemisfério norte não funcionará corretamente no hemisfério sul. Portanto, ao
adquirir uma bússola, certifique-se de que a mesma foi construída para
trabalhar no hemisfério sul, dentro da área geográfica brasileira. |
O rumo verdadeiro é 078graus, entretanto, computando-se a
declinação magnética, o rumo a seguir será de 098graus. |
O rumo a seguir, após computada a declinação magnética do local é 098graus,
entretanto, após a correção do DAG (desvio da agulha> o rumo a seguir deve ser
093graus
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